sexta-feira, 20 de julho de 2012

Endogamia:

   Endogamia em plantas é o efeito do cruzamento natural ou artificial entre indivíduos relacionados por ascendência, ou seja, que possuem certo grau de parentesco entre si. Este evento vem acompanhado, principalmente, da perda de vigor e fertilidade, ocasionando a baixa viabilidade do indivíduo em espécies de polinização aberta (plantas alógamas). Esses efeitos da endogamia não se aplicam às espécies que se reproduzem predominantemente por autofecundação, ou seja, o cruzamento do indivíduo com ele próprio (plantas autógamas).
   Em espécies alógamas a reprodução ocorre preferencialmente via cruzamentos ao acaso, sendo o pólen transportado pelo vento e/ou por outro agente polinizador como insetos e morcegos, de forma que a descendência é composta de híbridos de famílias de meios-irmãos (pai desconhecido) e irmãos completos (pai e mãe conhecidos). Esses tipos de organismos desenvolveram mecanismos fisiológicos, estruturais, espaciais e/ou temporais capazes de evitar endocruzamentos e autofecundações.
   Em populações de espécies alógamas pode-se inferir a existência de carga genética alta (condição na qual ocorrem alelos deletérios "“ homozigotos recessivos "“ a encobertos nos locos em heterozigose) e frequência máxima de locos heterozigotos (Aa). Os efeitos da endogamia nessas populações são: manifestação de carga genética, pois há aumento da frequência de genes deletérios, e diminuição simultânea da heterozigose, que pode afetar a produtividade e a viabilidade (adaptabilidade genotípica) do indivíduo.
   A formação de linhas puras divergentes e complementares entre si, por meio de autofecundações induzidas, e o posterior cruzamento entre essas linhagens é uma estratégia utilizada em programas de melhoramento genético de espécies alógamas. Assim, a queda no vigor e na fertilidade observados inicialmente (depressão por endogamia) é restaurada por meio do cruzamento, levando ao fenômeno conhecido como heterose ou vigor híbrido.
   Os principais produtos do melhoramento de espécies alógamas são a obtenção de clones elites nas espécies perenes e exploração da heterose na produção de híbridos nas espécies anuais.
   Geralmente, o cultivo de híbridos simples requer emprego de tecnologia de produção mais elevada e aquisição de sementes híbridas anualmente, sendo mais praticado por médios e grandes produtores. Um dos representantes das espécies alógamas cultivadas e largamente estudado é o milho, onde a produção de híbridos tem sido muito explorada para fins comerciais. O vigor híbrido pode ser considerado como o evento inverso aos efeitos indesejáveis consequentes da endogamia.
   Por outro lado, as espécies autógamas possuem genoma em estado homozigoto (A ou a) como consequência das autofecundações sucessivas, que resultam na formação natural de linhagens puras (todos os locos teoricamente em homozigose). Assim, a descendência de linhagens puras apresenta constituição genética muito semelhante ou idêntica à da planta-mãe.


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